Análise técnica dos planos de saúde em 2023

Análise técnica dos planos de saúde em 2023

Após um 2022 levemente conturbado, os planos de saúde parecem estar se recuperando aos poucos, segundo alguns dados divulgados em 2023.

Com o crescimento contínuo em beneficiários, uma pequena diminuição na taxa de sinistralidade e a desaceleração da demanda reprimida causada pela pandemia, parece que o setor está finalmente apto a dar um suspiro de alívio ― mas nem tudo são flores.

Cada vez mais usuários nos planos de saúde em 2023

A saúde suplementar não para de crescer! Em julho de 2023, o setor totalizou 50.718.744 de usuários em planos de assistência médica, 942.995 a mais em relação a julho de 2022 e 99.456 a mais do que em junho de 2023.

É evidente que, depois de passarmos por uma pandemia de escala global, estamos dando maior valor à saúde. Isso sem contar os planos de saúde empresariais, os quais representam cerca de 70% do mercado e são responsáveis por mais de 30 milhões de beneficiários.

O convênio médico é um dos benefícios mais desejados pelos colaboradores e as organizações têm visto cada vez mais utilidade na oferta de um plano de saúde ― um time mais saudável é, também, um time mais harmonioso e produtivo.

Apesar de todas as polêmicas do ano anterior, como o bota-casaco-tira-casaco do rol de procedimentos e o reajuste recorde, as operadoras não se abalaram nessa frente: desde 2020, o número de beneficiários só cresce.

Resultados financeiros dos planos de saúde no primeiro semestre de 2023

As pequenas esperanças

Segundo os dados recentemente divulgados pela ANS no novo Painel Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar, as operadoras registraram um lucro de R$2 bilhões no acumulado dos primeiros seis meses de 2023. O resultado equivale a 1,3% da receita total acumulada no período, que foi de quase R$154 bilhões.

Isso quer dizer que, para cada R$100 de receita, as operadoras obtiveram R$1,3 reais de lucro.

Além disso, a sinistralidade acumulada no ano diminuiu quando comparada ao mesmo período no ano anterior, mesmo que continue acima do limite técnico de 70%.

De acordo com as informações do Painel, o primeiro semestre de 2023 fechou com 87,9% de sinistralidade acumulada entre as operadoras médico-hospitalares, 0,9% p.p abaixo em relação ao primeiro semestre de 2022.

Os pontos de atenção

Apesar de alguns bons resultados, as nuvens cinzentas continuam pairando sobre o mercado. As operadoras também registraram um prejuízo operacional de R$4,3 bilhões, compensado pelo recorde de R$5,9 bilhões em aplicações financeiras.

“Mas se o prejuízo foi compensado, isso não seria algo bom?”, você pode estar se perguntando. De certa maneira, isso até pode ser positivo, mas não é o melhor cenário. O adequado seria a rentabilidade das operadoras vir da própria operação do plano, ao invés de investimentos externos.

De qualquer forma, o primeiro semestre de 2023 nos mostrou que a recuperação do mercado dos planos de saúde é mais do que possível. À medida que as operadoras forem otimizando suas gestões e se adaptando às mudanças do setor, o esperado é que essa recuperação se intensifique e os números voltem aos níveis pré-pandemia, agora com um número bem maior de usuários.